Babel

As palavras são uma fonte de mal-entendidos, já dizia o Príncipe de Exupéry. Façamos delas, então, os alicerces da Babel. Talvez cheguemos ao milagre das línguas, ao pentecostes. Words, words, words.

sábado, 22 de janeiro de 2011

A indústria das multas de trânsito: como acabar com ela?



O jornal Diário do Nordeste de segunda-feira, dia 17, trouxe, em seu caderno Negócios, informações sobre a arrecadação de multas de trânsito, que superou, só no Estado do Ceará, em 2010, R$ 155 mil por dia. Segundo a acessoria de imprensa do DETRAN, os recursos arrecadados são investidos em fiscalização, engenharia e educação de trânsito.

Alguns comentários que escutei chamavam isso de absurdo, consideravam esse número prova de uma indústria de multas e diziam que o dinheiro obtido não era aplicado em infraestrutura das estradas. Se é verdade que as autopistas e outras vias de fluxo de veículos não são mantidas a contento, o que produz congestionamentos, acidentes e mortes, também é real o fato de esses problemas também serem causados pelos motoristas.

Certamente a educação e o respeito ao outro no transito evitarão muitos problemas cuja solução considera-se de responsabilidade do poder público. Não estou dizendo que não devamos reivindicar o correto serviço por parte das instituições competentes, mas diversos obstáculos ao bom convívio no trânsito dependem dos condutores e pedestres.

A maior parte das notificações aplicadas no ano passado foram de infrações graves, com 26.744 registros, cujo maior percentual foi por desuso do cinto de segurança e alta velocidade. Tais multas podem facilmente ser evitadas com uso do cinto e obediência aos limites de velocidade. Sejamos honestos e menos cínicos. Ainda que haja, em vários casos, abuso por parte de fiscais de trânsito e, muitas vezes, lentidão na avaliação de recursos na Junta Administrativa de Recurso de Infração (JARI), na maior porcentagem das ocorrências a multa é justificada.

Se há infração, deve haver punição. O trânsito mata. Isso é argumento suficiente para que exista uma severa fiscalização. Conheço tuiteiros que aproveitam essa ferramenta de comunicação para evitar locais de blitz. É claro que, não raramente, essas blitzs nos são um incômodo e fugir delas, frequentemente, é compreensível. No entanto, muitos desses que evitam as vias onde ficam as fiscalizações procuram esquivar-se de uma situação em que eles, os condutores, estão errados – muitos até embriagados – e capazes de provocar mortes.

O trânsito é uma atividade coletiva, as atitudes tomadas atingem bem mais pessoas que podemos imaginar. Talvez digam que eu sou um chato. Porém, não sei se será fácil chamar dessa maneira muitas pessoas aleijadas, ou psicologicamente afetadas, ou mortas pela imprudência de condutores.  Não sei se será fácil chamar dessa maneira os parentes dessas vítimas.

Para acabar com a indústria da multa, sugiro evitar infrações de trânsito. 


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