Detalhe do documento de batismo de William Shakespeare. Na imagem abaixo, outro detalhe do mesmo documento, em que se lê, em latim, a frase: William (Guilherme), filho de Jonh Shakespeare. |
Como havia dito em minha última postagem, hoje, Batismo de
Shakespeare, tentarei expor uma pequena lista de obras da crítica
shakespeariana. Há um labirinto de títulos em que o leitor curioso pode,
agradavelmente, se perder. Aqui elenco alguns textos interessantes em português
e relativamente fáceis de encontrar.
De Bárbara Heliodora, a maior autoridade em Shakespeare do
Brasil, volto a indicar o Falando de
Shakespeare e o Por que ler
Shakespeare. Apesar de introdutórios, não pecam por superficiais. O homem político em Shakespeare, outro
trabalho dessa grande crítica teatral, disserta sobre a questão de o viés
político ser uma constante em todas as peças do Bardo. Aqui, é necessário um
conhecimento maior do teatro do autor inglês, principalmente dos dramas
históricos. A escrita de Heliodora não é cansativa e suas colocações são extremamente
pertinentes. Sugiro também, como introdução, a revista EntreLivros EntreClássicos
William Shakespeare. Os artigos trazem informações seguras e críticas
pertinentes.
Para a biografia do poeta inglês, sugiro Shakespeare, de
Claude Mourthé. É um livrinho de bolso que possui uma explanação da vida e da
obra de Shakespeare de forma concisa sem abandonar a criticidade. Outros
títulos mais volumosos são Shakespeare:
vidas ilustradas, de Anthony Holden, e Shakespeare:
uma vida, de Park Honan.
Para quem já conhece as obras shakespearianas e quer um
maior aprofundamento, não há como não ler o crítico norte-americano Harold
Bloom. Em seu Shakespeare: a invenção
do humano, há a análise de cada uma das peças do dramaturgo inglês, com o
objetivo de defender uma tese polêmica: Shakespeare é o criador do homem
moderno. Além desse título, aconselho a leitura de Hamlet: poema ilimitado e de O
cânone ocidental. Ambos de Bloom. Sobre a escrita shakespeariana, convém
conhecer A linguagem de Shakespeare,
de Frank Kermode.
Outros nomes que não posso deixar de mencionar são Northrop
Frye, com o seu Sobre Shakespeare (esgotado,
mas facilmente encontrado em sebos virtuais). Nesse livro, Frye afirma que, se
não houvesse Hamlet, talvez nem tivéssemos tido o movimento romântico ou as
obras de Dostoiévski, Nietzsche e Kierkegaard, que a seguem e reelaboram a
situação hamletiana em rumos que vão progressivamente se aproximando de nós. Shakespeare: nosso contemporâneo, de Ian
Kott, é um volume que não pode estar ausente deste estante. Por fim, A tragédia shakespeariana, de A. C.
Bradley. Todos esses títulos constituem um bom número de obras, com tradução em
português, que contemplam a análise das peças de Shakespeare.
Por fim, quero dizer que bem mais importante que conhecer esses
textos críticos são a leitura e a releitura das peças de William Shakespeare,
quer no original, quer nas versões para o português. Boa leitura.