Hoje, Dia da Criança, relembrei um fato que presenciei há certo
tempo. Vou chamar esse relato de Meninos
carvoeiros, pois me lembra esse poema de Manuel Bandeira.
Saí de casa para trabalhar, era uma manhã de muita luz. Observei
que a casa do outro lado da rua apresentava traços de uma festa de aniversário:
enfeites pendurados por todo lado, papéis de docinhos e guardanapos espalhados
pelo chão.
Quatro garotinhos franzinos se aproximavam do ponto de
ônibus onde eu estava. Eles arrastavam a carcaça de uma geladeira. Dessas que
os catadores de lixo usam como carroça. Os
meninos eram, também eles, catadores.
Apesar de ser manhã, os pingos de gente já estavam bastante
sujos e cansados. Talvez trabalhassem desde a madrugada. Ao passarem diante da
casa, estancaram. Conversaram entre si e um deles, afoito, dirigiu-se para a frente
da casa – o muro era baixo e não possuía portão – e bateu palmas. Logo uma senhora
gorda apareceu enxugando as mãos. Não ouvi o que disseram, mas vi quando a mulher
riu e balançou afirmativamente a cabeça.
Nesse momento, o menino voltou correndo, falou algo para os outros
e, animados, todos correram a tirar as bexigas que estavam nas paredes e nas árvores
próximas da casa. Eles fizeram isso muito rapidamente. Alguns balões estavam presos,
inclusive, muito alto! Todas as bolas de encher foram amarradas na velha carroça
de lata.
Os quatro garotinhos franzinos, rindo e saltitando,
continuaram sua lida – que não é de gente pequena – puxando um velho carro
enfeitado de grandes bolas coloridas. Eles estavam felizes, eles eram crianças.
Ofereço esta postagem a Charles Dickens, por seu Oliver Twist.
Vandemberg, gostei muito da história. No começo da leitura fiquei triste, porque me revolto com a existência do trabalho infantil, mas ainda bem que acabou em um final feliz e os meninos puderam aproveitar, da maneira que encontraram, esse dia das crianças.
ResponderExcluirOlá, Bia. Que bom ter você neste espaço de diálogo. Suas opiniões serão sempre bem-vindas. Desejo ler mais comentários seus. Um abraço.
ResponderExcluirNossa que coisa chique!!!Também adorei a história.Abraços.
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